O caso aconteceu na noite de terça-feira (27). O sargento Adeilton D’Almeida está no Hospital Santa Izabel e o estado de saúde dele é estável. A versão da PM contradiz a dele, que afirma ter sido baleado mesmo após se identificar como policial, e diz que os colegas de farda simularam uma troca de tiros.
Junto com o subtenente Alberto Alves, o sargento D’Almeida faria a segurança do candidato ao governo da Bahia, ACM Neto (União Brasil), que teria agenda de campanha em Coaraci, município vizinho. A programação foi cancelada e o político prestou solidariedade nas redes sociais.
D’Almeida gravou um vídeo, que viralizou nas redes sociais. O sargento narra que dormia no mesmo quarto que o subtenente Alves, quando os outros policiais invadiram o quarto já atirando. Ferido por três disparos, pediu ajuda, mas não foi atendido.
“Me deixaram lá e eu gritando: ‘eu sou polícia, me dê socorro’. Eles não me deram, eu saí me arrastando até a porta do quarto, chegando lá consegui me encostar na parede, fiquei sangrando muito e um policial o tempo todo apontando um fuzil para mim”, afirmou o sargento no vídeo.
“Ele falava: ‘cale a boca, deixa de conversa, eu sei quem você é’, e eu pedindo a ele socorro. Ele disse que vinha um ambulância de outro município e eu falei: ‘a gente está com o carro aí, ou então me dê socorro na viatura'”, narrou.
Policial baleado em ação no sul da Bahia diz que militares dormiam quando teve quarto de pousada invadido — Foto: Reprodução/Redes Sociais. D’Almeida relatou ainda que um dos policiais ameaçou matá-lo. Também segundo o sargento, ele foi conduzido ao hospital cerca de uma hora depois de ser baleado.
“Eles me conduziram na viatura e ainda assim de forma hostil. O policial o tempo todo falando comigo para ficar quieto, para não abrir a porta'”. Ainda no mesmo vídeo, D’Almeida relatou também que os policiais usaram sua arma para simular uma troca de tiros dentro do quarto. “Fizeram vários disparos com a minha arma dentro do quarto. Eles mesmos dispararam lá, e depois me trouxeram para o hospital. Sequer me ajudaram a sair da viatura, eu com o braço com fratura exposta, pendurado, e eles não me ajudaram”, disse.
Corregedoria investiga e MP acompanha
O comandante-geral da Polícia Militar da Bahia, coronel Paulo Coutinho, disse que uma equipe da Corregedoria da corporação foi enviada para a cidade de Itajuípe, no sul do estado, para esclarecer a situação.
“Todo fato e ocorrência policial, nós só chegamos a um juízo de valor após uma apuração. Foi instaurado o inquérito policial militar e destinamos, daqui de Salvador, uma equipe da Corregedoria Geral, para trazer efetivamente o que nós temos de mais correto da apuração”, disse.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) informou que recebeu a notícia de fato que relata a ação. O órgão afirmou ainda que tomou providências para a apuração da ocorrência e acompanhará de perto as investigações sobre o caso. No entanto, não detalhou a medida tomada.
Quem eram os PMs hospedados
Um dos PMs baleados que trabalharia para o candidato foi o subtenente da Polícia Militar, identificado como Alves. Ele morreu na ação.
Alves estava com o colega, sargento D’Almeida, fora do serviço militar. Os tiros que atingiram os dois policiais partiram da Polícia Militar e não tiveram relação com a campanha política, de acordo com a corporação.
Não há detalhes sobre o estado de saúde dos outros dois policiais que também estavam no quarto e ficaram feridos na ação. Eles não iriam trabalhar na campanha de ACM Neto.
A assessoria de campanha de ACM Neto cancelou a agenda da campanha nesta quarta. O candidato se solidarizou com os familiares do subtenente Alves e desejou recuperação ao sargento D’Almeida.
Governador lamenta morte
Em uma postagem feita em redes sociais, no final da manhã desta quarta-feira, o governador Rui Costa lamentou a morte do subtenente. Ele afirmou que, ao ser notificado do caso, acionou as autoridades competentes para que a apuração seja feita.
“Tão logo tomei conhecimento, determinei às autoridades competentes a imediata apuração e esclarecimento do fato. Manifesto total solidariedade aos familiares das vítimas.”
Cerco para prender suspeito
Suspeito quebrou tornozeleira após saída temporária — Foto: Divulgação/SSP-BA
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) anunciou que unidades especializadas e territoriais da Polícia Militar reforçaram, nesta quarta-feira (28), o cerco para prender o suspeito de assaltos a banco, André Márcio de Jesus, o “Buiú”.
Segundo o órgão, o homem era procurado durante a ação que terminou com um subtenente morto e três militares baleados em uma pousada na cidade de Itajuípe, no sul do estado.
Confira abaixo quem é o suspeito:
André Márcio de Jesus estava preso no Complexo Penitenciário de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. Ele foi liberado pela Justiça para uma saída temporária mediante ao uso de tornezeleira eletrônica, na terça-feira (27).
O equipamento de monitoramento foi instalado às 13h30 e o detento deixou a unidade prisional por volta das 13h50. As buscas por “Buiú” foram iniciadas ainda na tarde de terça, depois da Secretaria de Administração Prisional (Seap) relatar que o detento violou a tornozeleira, às 14h36, na BR-324, nas proximidades da cidade de Candeias.
- André Márcio de Jesus, nascido em Porto Seguro, na Bahia, é considerado um preso de alta periculosidade.
- O suspeito também era apontado como integrante da Orcrim Movimento Povo Atitude (MPA), facção ligada a Orcrim Primeiro Comando da Capital (PCC), que atua com tráfico de drogas e roubo a bancos no extremo sul da Bahia.
- A SSPP-BA informou que o suspeito participou do ataque contra uma transportadora de valores, na cidade de Eunápolis, extremo sul da Bahia, em 2018.
- Investigações apontam que ele também tinha envolvimento com homicídios, tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo e corrupção de menores.
Ainda segundo a secretaria, informações sobre suspeito podem ser repassadas, com total sigilo, através do Disque Denúncia da SSP-BA, pelo número de telefone 181.