É notório que o governador Rui Costa (PT) está magoado com o desenrolar do processo em torno da composição da chapa majoritária da base aliada governista.
Até às freiras do convento das Carmelitas sabem que o desejo de Rui era o Senado. Nadou, nadou, nadou… Terminou morrendo na praia. O PT wagniano enterrou o “companheiro” no próprio local.
A insatisfação, no entanto, não se tornou totalmente pública no sentido do que aconteceu de mais grave, em que pese a cobertura da imprensa. O desabafo mais profundo ocorreu nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus. A roupa suja foi lavada em casa. A máquina de lavar quase que não suporta o volume.
Depois dos três parágrafos acima, duas perguntas passam a ser oportunas e pertinentes : E o futuro político de Rui Costa ? Já se pode fazer uma projeção sobre o amanhã do governador ?
Vale lembrar que toda projeção é uma incerteza. Não é, matematicamente falando, o resultado 4 quando se soma 2 + 2. Mas é inerente ao jornalismo político quando é feita dentro de uma certa lógica, sem enveredar para o caminho da invencionice absurda e irresponsável.
O óbvio ululante é que o porvir do chefe do Palácio de Ondina está associado aos pleitos de 2022, para o governo da Bahia e presidência da República. Ambos de suma importância para mantê-lo vivo, politicamente aceso.
Salta aos olhos que o sucesso eleitoral de Jerônimo Rodrigues, o nome escolhido pelo PT e os partidos aliados para a disputa do governo da Boa Terra, vai fazer de Rui uma liderança política nacional e, como consequência, só atrás de Lula no PT.
Como a missão de eleger Rodrigues, atual secretário estadual de Educação, é considerada muito difícil, com o pessimismo se agravando com a ida do PP para o netismo, a esperança é o retorno de Lula ao cargo mais cobiçado do Poder Executivo.
A vitória do presidenciável do Partido dos Trabalhadores vai levar Rui a ocupar um importante e invejável ministério. Seria a contrapartida pela sua permanência no cargo de governador, evitando assim um atrito com o senador Otto Alencar (PSD), candidato natural à reeleição.
Se não houvesse a compreensão de que a candidatura de Otto é fato consumado, uma revolta tomaria conta da cúpula nacional do PSD. A legenda apoiaria o ex-prefeito de Salvador. O troco seria Otto aceitando ser vice de Neto com João Leão na vaga de senador. O teodolito ficaria só com uma perna, a do PT. O tripé viraria um, digamos, “monopé”
Uma eventual derrota do petista-mor pode levar Rui Costa a procurar outro abrigo partidário. O morador mais ilustre do Palácio de Ondina tem simpatia pelo PDT e PSB. O bom relacionamento político com Jaques Wagner é passado. Na política, quando a recíproca confiança desmorona, dificilmente é restabelecida, volta ao que era antes.
Uma dupla derrota, de Lula e Rodrigues, vai tornar as especulações sobre o futuro político de Rui Costa mais intensas.
No momento, depois de muito imbróglio e muitas decepções, o governador prefere conversar com quem é 100% confiável : seus próprios botões.