Espaço de distribuição e comercialização de alimentos, as feiras livres atuam na venda direta ao consumidor, por meio da oferta de produtos de qualidade com preço justo. Em Vitória da Conquista, elas representam uma tradição local e estão concentradas nos bairros Brasil, Alto Maron, Vila América, Urbis V, Urbis VI e Patagônia, além da Ceasa do Centro da cidade, onde recebem toda a assistência da Prefeitura Municipal, a exemplo de limpeza e lavagens periódicas. Mais de mil boxes estão distribuídos nesses equipamentos, gerando emprego e renda para centenas de famílias.

Sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Sesep), as feiras são lavadas com um caminhão-pipa a cada quinze dias. Na Ceasa, ainda é feita a manutenção das caixas de gordura mantidas pelos boxes do setor de carnes. Além disso, a Prefeitura oferece uma estrutura de segurança, principalmente por meio da Guarda Municipal. O objetivo é garantir bem-estar aos feirantes e consumidores.

No que diz respeito à parte organizacional, os fiscais da Sesep se ocupam de cuidar para que o espaço esteja de acordo com as regras de funcionamento, mantendo as vias públicas livres para a circulação de pedestres e veículos.

A Prefeitura promoveu também, este ano, a substituição dos equipamentos de iluminação das feiras dos bairros Brasil, Alto Maron e também do Ceasa. Em lugar das antigas, foram instaladas novas lâmpadas de LED, cuja capacidade de iluminação é mais potente.

“A gente sabe da importância dessas feiras, da venda de biscoitos da culinária tradicional de Vitória da Conquista, e da venda de hortifrútis também. Sem contar a importância econômica que elas têm, já que as feiras de Conquista movimentam um fluxo econômico muito alto”, afirma o secretário municipal de Serviços Públicos, Kairan Rocha.

Dia do Feirante

As ações da Prefeitura nas feiras livres de Conquista demonstram o cuidado com o feirante, cujo dia é celebrado nesta quinta-feira, 25 de agosto. Aliás, a data tem origem na criação da primeira feira livre do Brasil, em 1914, em São Paulo. A ideia deu certo e se expandiu para outros locais e regiões do país.

Mas apesar da importância da feira e das inúmeras ações empreendidas pelo Governo Municipal, a realidade de quem trabalha nesses locais não é fácil. A maioria chega muito cedo ao espaço, entre 4h e 5h, para receber os alimentos que serão comercializados e abrir os boxes, só retornando para suas casas no final da tarde.

Dona Lidi se mantém há quase 33 anos com sua lanchonete na Ceasa

É o caso de Dona Lidiomar Pereira da Silva, 56 anos, veterana da Ceasa. No dia 5 de setembro, ela vai completar 33 anos como permissionária dos boxes 271 e 272, no segundo galpão. Sua lanchonete está ali desde 1989. “Criei meus dois filhos aqui, debaixo deste balcão”, orgulha-se a comerciante, que também é avó de dois netos.

A rotina de Dona Lidi, como prefere ser chamada, é difícil. Ela chega cedo ao ponto e só fecha por volta das 18h, para retornar a sua casa, situada nas proximidades da Lagoa das Flores. Em casa, começa outra jornada na preparação dos produtos que serão vendidos no dia seguinte. Conclui a tarefa por volta de uma hora da manhã, para recomeçar ao raiar do dia. “É difícil, mas gratificante. Quando a gente faz o que ama, tudo se torna mais fácil”, garante Lidi.

Noca da Banana vende frutas na Ceasa há trinta anos

Albertino Santos de Lima, 49 anos, conhecido por todos como Noca da Banana, vende frutas, principalmente bananas, no box 37, localizado na rampa entre os dois primeiros galpões da Ceasa, na Rua Catão Ferraz, de segunda a sábado. Aos domingos, ele segue para a Feira do Bairro Brasil. “É uma correria. A gente acorda muito cedo e trabalha de domingo a domingo. Mas eu me orgulho muito disso, porque daqui eu tiro o meu sustento e o de minha família”, explicou o feirante. Noca atua na feira desde 1992, quando tinha 19 anos.  “A feira é um cartão postal da cidade. Aqui nós recebemos muitas pessoas de fora para visitar”, disse. Ele aproveitou para fazer uma relação entre Conquista e outras cidades menores: “Conquista é uma mini capital do interior baiano”.

Geração de emprego e renda

Segundo o secretário Kairan Rocha, as feiras são importantes vetores econômicos do município e contemplam pessoas da zona rural e de bairros, como Lagoa das Flores, que se utilizam desses equipamentos para vender seus produtos, como também feirantes de outras regiões que vêm para comercializar hortifruti e outros alimentos. “Com as feiras, conseguimos beneficiar o pequeno produtor, é dali que milhares de famílias de Vitória da Conquista tiram o sustento”, afirmou.

A nova caixa compactadora de lixo é capaz de compactar 17 metros cúbicos de resíduos sólidos

Ciente dessa importância, a Prefeitura, por meio da Sesep, tem atuado para garantir boas condições de trabalho aos comerciantes. Uma das ações recentes foi instalar na Ceasa, em julho deste ano, uma nova caixa compactadora de lixo. O novo equipamento é capaz de compactar 17 metros cúbicos de resíduos sólidos, o que representa seis toneladas. Trata-se de um exemplar do que há de mais moderno no mercado, semelhante às que são utilizadas nas principais cidades e capitais brasileiras. A máquina conta com um reservatório individual para a captação do chorume produzido durante o processo de putrefação da matéria orgânica. Isso evita mau cheiro e, consequentemente, a presença de cachorros e urubus. Os resíduos depositados na caixa são recolhidos diariamente por veículos específicos para a coleta e transporte desse material. O descarte é feito no aterro sanitário. “O Governo cuida de pessoas, de trabalhadores, de consumidores, de quem vive a realidade da feira”, salientou o secretário.

 

Da primeira feira às atuais 

A tradição das feiras livres em Vitória da Conquista remonta aos últimos anos do Século 19, quando o município ainda era conhecido oficialmente como a Imperial Vila da Vitória. Foi nesse contexto que se organizou a primeira feira livre da cidade: um galpão instalado na antiga Rua Grande, um amplo logradouro formado por toda a extensão que hoje se divide entre as praças Barão do Rio Branco e Tancredo Neves.

Do galpão que servia como ponto de comércio para a população local e para os tropeiros que passavam por aqui, a realidade mudou muito. Mas permaneceu a importância desse tipo de comércio para o município. Em lugar dos antigos tropeiros, hoje temos os milhares de cidadãos que vêm à cidade em busca de diversos tipos de serviços – entre os quais, a variedade oferecida pelas feiras livres. “Todos nós sabemos que as feiras fazem parte da tradição de Vitória da Conquista”, resumiu o secretário Kairan.

Ricardo começou a frequentar a Feira da Patagônia aos sete anos – mesma idade que hoje tem seu filho caçula.

Gerações se revezam e feiras ganham mais segurança

Aos 47 anos, pai de três filhos, o feirante Ricardo Moreira da Silva herdou do pai um box de verduras na feira do Patagônia. Ele frequenta essa feira desde 1983, quando tinha sete anos e acompanhava o pai. “Naquela época, cada um fazia sua barraquinha de madeira do jeito que queria. Quando chovia, era um lamaçal só”, relembra o comerciante, que se recorda com exatidão de quando a atual estrutura da feira começou a ser construída pela Prefeitura, em 1989.

Além da estrutura mais confortável para os trabalhadores, mudou também a garantia de segurança. “Hoje, a segurança aqui é ótima. O pessoal da Guarda Municipal está aí todos os dias, trabalhando o dia inteiro”, elogia Ricardo. O filho caçula, com sete anos, sempre o acompanha no comércio de verduras. “Se deixar, ele fica o dia inteiro aqui comigo, o mesmo que eu fazia com meu pai, 39 anos atrás”, concluiu.