Vinte mil doses da vacina chinesa que será testada no Brasil contra o coronavírus chegaram a São Paulo na madrugada desta segunda-feira, 20. Segundo anúncio do governador João Doria em coletiva de imprensa, os testes começarão nesta terça-feira, 21, no Hospital das Clínicas de São Paulo. A expectativa que a vacina esteja disponível no início de 2021.
parcial do estudo que indique a eficácia do estudo. Se estudo for concluído até o fim do ano, poderemos ter a vacina disponível para a população brasileiro no início do próximo ano, com 120 milhões de doses”, explicou o diretor do Butantã, Dimas Covas.
O custo da testagem é estimado em R$ 85 milhões e prevê a transferência de tecnologia para que a vacina chinesa possa ser produzida no Brasil. Sessenta milhões de doses estão reservadas para o Brasil, o que Covas considera que será suficiente para cobrir as necessidades já previstas.
A vacina CoronaVac é produzida a partir de cepas inativadas do novo coronavírus e está na terceira fase de testes, quando pode ser administrada a um número maior de pessoas. Parte dos voluntários que participarão do estudo clínico irão receber a vacina e outro grupo deve receber um placebo, sem efeito. O objetivo é verificar se há o estímulo à produção de anticorpos para proteção contra o vírus.
De acordo com a Anvisa, os estudos da primeira e segunda fases, realizados em humanos saudáveis e em animais, mostraram segurança e capacidade de provocar resposta imune “favoráveis”. “A partir de setembro deste ano, estarão disponíveis doses em um volume muito grande, em torno de 100 milhões de doses. Essa fábrica da Sinovac terá capacidade de produzir, até o final do ano, 300 a 500 milhões de doses”, disse Covas durante coletivas de imprensa anteriores.
Na capital paulista, os centros de pesquisa que participarão das testagens são o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas e o Hospital Israelita Albert Einstein. Ainda no estado de São Paulo participarão a Universidade Municipal de São Caetano do Sul, o Hospital das Clínicas da Unicamp (Campinas), a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e o Centro de Saúde Escola da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.
As pesquisas serão realizadas, ainda, na Universidade de Brasília (UnB), no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro, no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no Hospital São Lucas da PUC-RS, em Porto Alegre, e no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O governador de São Paulo, João Doria, faz visita ao Instituto Butantan ao lado do presidente da entidade, Dimas Covas. Foto: Governo do Estado de São Paulo/Divulgação
Esta é a segunda vacina a receber autorização para testes no País. Em junho, a Anvisa liberou a realização de ensaios clínicos de uma vacina produzida na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Em um primeiro momento, o País irá produzir 30,4 milhões de doses da vacina produzida em Oxford, previstas para dezembro deste ano e janeiro de 2021 por meio de uma parceria com a universidade e com o Laboratório AstraZeneca.
Segundo o Ministério da Saúde, com a confirmação de que o imunizante – considerado o mais promissor em fase de testes – é eficaz e seguro, essas doses poderão ser distribuídas imediatamente para a população. A fabricação ficará por conta da Bio-Manguinhos, entidade da Fiocruz responsável pela produção de vacinas, e o investimento pode chegar a US$ 288 milhões.
Abaixo, entenda as fases de desenvolvimento de uma vacina:
- Fase exploratória ou laboratorial: Fase inicial ainda restrita aos laboratórios. Momento em que são avaliadas dezenas e até centenas de moléculas para se definir a melhor composição da vacina.
- Fase pré-clínica ou não clínica: Após a definição dos melhores componentes para a vacina, são realizados testes em animais para comprovação dos dados obtidos em experimentações in vitro.
- Fase clínica: É a testagem do produto em seres humanos. Esta fase do processo se divide em três:
- Fase 1 – a primeira etapa tem por objetivo principal testar a segurança do produto. São testados poucos voluntários, de 20 a 80, geralmente adultos saudáveis.
- Fase 2 – a segunda etapa da testagem em seres humanos analisa mais detalhadamente a segurança do novo produto e também sua eficácia. Em geral, é usado um grupo um pouco maior, que pode chegar a centenas de pessoas.
- Fase 3 – na última etapa o objetivo é testar a segurança e eficácia do produto especificamente no público-alvo a que se destina. Nesta etapa, o número de participantes pode chegar a milhares. Mesmo depois da aprovação, nova vacina continua sendo monitorada, em busca de eventuais reações adversas. Fonte: Estadão