Blog do Edyy

Laudo aponta filho de fazendeiro como autor do disparo fatal que matou indígena em Itapetinga

Peritos da Polícia Civil confirmaram, nesta terça-feira, que a líder indígena Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, foi fatalmente atingida por um disparo da arma de um jovem de 19 anos, filho de fazendeiros. O laudo balístico revelou que o projétil coincide com a arma do jovem, atualmente detido junto a um policial militar aposentado de 60 anos.

Ambos estão sob custódia, acusados de participar do conflito armado que resultou na morte de Nega Pataxó durante um confronto entre indígenas Pataxó hã-hã-hãe e fazendeiros em Itapetinga. O policial militar reformado alega legítima defesa, enquanto o jovem é apontado como articulador do movimento “Invasão Zero”.

O inquérito inclui acusações de homicídio, tentativas de homicídio e associação criminosa armada. O juiz local declarou-se incompetente, transferindo o caso para a instância federal. A investigação aguarda autorização judicial para examinar dados telemáticos do grupo de WhatsApp onde o ataque foi supostamente planejado, com quatro pessoas intimadas a depor.

Esse conflito reflete a crescente rivalidade entre produtores rurais e povos originários, intensificada pelas discussões sobre o marco temporal para delimitar novas reservas. A fazenda em questão foi formada por invasões nos anos 1970, resultando em disputas territoriais.

O Movimento Invasão Zero, que mobilizou fazendeiros via WhatsApp, ganhou destaque, reunindo mais de 10 mil fazendeiros baianos. A Frente Parlamentar Invasão Zero, derivada desse movimento e lançada com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, acentuou as tensões entre os grupos.

A ministra Sônia Guajajara e a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, participaram do velório de Maria de Fátima Muniz e visitaram os feridos. Há também apelos por investigações sobre a possível formação de grupos paramilitares associados ao ataque, conforme ressaltado pelo defensor regional de Direitos Humanos da Bahia.


COMPARTILHAR