Vitória da Conquista testemunhou uma das eleições mais acirradas dos últimos anos, mas não pelo número de votos – que indicou uma vitória esmagadora da prefeita Sheila Lemos (União Brasil) com 58,83% dos votos válidos. Com uma frente de 63.541 votos sobre o segundo colocado, o deputado federal Waldenor Pereira (PT), que somou apenas 26,74%, o que ficou evidenciado, além do favoritismo, foi o esvaziamento de uma das principais forças do PT na região, que viu sua tradicional hegemonia estremecer.
Por trás das urnas, a disputa trazia uma verdadeira bomba-relógio. A candidatura de Sheila Lemos, embora consagrada nas urnas, segue sub judice. A decisão de indeferimento pelo TRE-BA levantou um intenso debate sobre elegibilidade e continuidade de poder, resultado de um contexto incomum: em 2020, após a internação de Herzem Gusmão, então prefeito, Irma Lemos, vice e mãe de Sheila, assumiu a gestão interinamente. Quando Herzem faleceu, Sheila assumiu o cargo, mas a interpretação do TRE-BA foi de que esse curto período em que Irma esteve à frente da prefeitura conta como um mandato, tornando a reeleição de Sheila uma “terceira gestão” da família.
Essa decisão agora repousa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e a cidade segue na expectativa. A base governista se manteve confiante, mas a pressão é evidente. Há especulações de que, caso Sheila seja definitivamente impedida de assumir, uma nova eleição poderá ser necessária, abrindo espaço para a reorganização de forças.
O desempenho de Waldenor Pereira (PT) também deixou claras as dificuldades do partido. Derrotado por uma margem superior ao total de votos que obteve, o deputado amarga uma queda de popularidade e um recado claro: a população conquistense segue rejeitando o projeto petista em nível local. A terceira colocada, a vereadora Lúcia Rocha (MDB), somou 11,14%, e o Dr. Marcos Adriano (AVANTE) encerrou a disputa com 3,29%, ambos sem grande impacto eleitoral, mas também com pouco desgaste.
Seja qual for a decisão do TSE, uma coisa é certa: a política em Vitória da Conquista está longe de ser pacata. Sheila Lemos, mesmo vencedora, encara uma batalha jurídica que definirá seu futuro político. Já Waldenor Pereira e o PT precisam, com urgência, reformular sua estratégia se desejarem voltar a ter relevância na região.