O governador da Bahia, Rui Costa, disse nesta quarta-feira (17) que o sistema de saúde do estado está em colapso por causa do número alto de pacientes que precisam de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e da demora na regulação.
“É um colapso. Todas as vezes que você tem um número de pacientes grande na fila, esperando. Na medida que você não consegue regular um paciente que precise de UTI em menos de 24 horas, isso já é um sinal de colapso do sistema. A gente leva 42h, 72h para quem está precisando, o sistema está em colapso”, disse.
Na terça-feira (16), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou que o Brasil passa pelo “maior colapso sanitário e hospitalar da história”.
O monitoramento divulgado pela instituição apontou que 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação de leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) iguais ou superiores a 80%. De acordo com o monitoramento, a Bahia está com 86% de ocupação.
Na classificação da Fiocruz, as taxas de ocupação são classificadas em zona de alerta crítico (vermelho) quando iguais ou superiores a 80%, em zona de alerta intermediário (amarelo) quando iguais ou superiores a 60% e inferiores a 80%, e fora de zona de alerta (verde) quando inferiores a 60%.
Segundo o coordenador do Observatório Covid-19 da Fiocruz, Carlos Machado, os números de casos confirmados, de óbitos e das taxas de ocupação “já nos apontam para esta situação [de colapso]. No entanto, “eles vêm seguidos da incapacidade do sistema de saúde atender todos os pacientes que requerem cuidados complexos para Covid”.
“Além disso, temos o esgotamento das capacidades de respostas do sistema de saúde, tanto pelos limites na abertura de leitos, que exigem profissionais de saúde qualificados, o que demanda tempo, como pela sobrecarga dos trabalhadores da saúde”, disse.
Leitos na Bahia
Governador da Bahia admite colapso no sistema de saúde do estado; espera para UTI é de 72 horas — Foto: Divulgação/Governo da Bahia
Para tentar diminuir a pressão no sistema de saúde da Bahia, Rui Costa irá abrir o Hospital Metropolitano em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador. Serão 280 leitos, sendo 100 de UTIs, 120 unidades de assistência respiratória e 60 de enfermarias para pacientes com Covid-19.
Porém, apenas 90 leitos dos 280 irão começar a funcionar no sábado (20), sendo 30 de UTIs e 60 de enfermarias. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), isso acontece porque ainda falta contratar profissionais da saúde.
Em Barreiras, na região oeste da Bahia, a ocupação de leitos de UTI é de 100%. Em 1º de março, a taxa de ocupação era de 50%. A cidade conta com 30 leitos no Hospital do Oeste e 10 leitos em um hospital particular que tem convênio com a prefeitura do município.
Já na capital baiana, a taxa de ocupação de leitos de UTI era de 87% na terça-feira. Nesta quarta, 79 pessoas estavam na fila de regulação. Apesar disso, o prefeito de Salvador, Bruno Reis, não considera que o município esteja em colapso.
“Graças à abertura de dois novos hospitais de campanha com leitos de UTI e à transformação de Unidades Básicas de Saúde em unidades exclusivas para o enfrentamento à Covid, nós estamos evitando o colapso em nossa cidade”, comentou.