O senador Otto Alencar (PSD-BA), que estava presidindo provisoriamente a sessão da CPI da Covid, teve um bate-boca com o advogado Alberto Toron, presente na comissão para acompanhar seu cliente, o empresário Carlos Wizard. No auge da discussão, Alencar chegou a dizer que chamaria a Polícia Legislativa para retirar Toron da sala.
A confusão começou quando Alencar criticou o fato de Wizard permanecer em silêncio e não responder aos questionamentos dos senadores, amparado em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
“O senhor nega até que tomou e indicou a vacina para os seus familiares, mas de forma irresponsável receitou cloroquina e hidroxicloroquina para o povo brasileiro, para os humildes. O senhor foi muito irresponsável e fez isso no afã de querer agradar o dono do poder”, disse Alencar.
O senador reforçou que Wizard “amarelou” na comissão e, voltando-se ao advogado, disse que Toron estava “corado” e parecia “ter tomado banho de mar”.
“Eu não tomei banho de sol, nem de mar. Vossa excelência está errado”, disse o advogado.
“Não dei palavra ao senhor. O senhor está vermelhinho e ele amarelou”, rebateu o senador.
Toron então disse que Alencar se referiu a ele, mas não quis ouvir uma resposta. O advogado chamou essa atitude de “covardia”.
“Se gostei ou deixei de gostar, problema meu. O senhor se referiu a mim e não quer que eu responda. Isso é covardia”, disse o advogado.
Foi nesse ponto que Alencar ameaçou chamar a Polícia Legislativa.
“Não pode me chamar de covarde aqui não. Eu mando lhe retirar daqui. Polícia Legislativa para tirar esse senhor daqui. Tira agora. Ou senhor pede desculpa ou lhe tiro agora”, alertou Alencar.
‘Grande mal-entendido’
Toron ponderou que o senador havia se referido a ele de maneira “jocosa” e de modo a colocá-lo “em ridículo”, e ressaltou que tem respeito por Alencar.
Em tom mais ameno, o senador disse que a intenção era fazer um elogio ao advogado. “Eu disse que ele não teve coragem de responder, amarelou. Aí falei que o senhor não tinha ficado assim, eu quis lhe elogiar”, afirmou.
No microfone da tribuna, Toron disse que houve “um grande mal entendido”.
“Quero reafirmar o respeito e a admiração que tenho por vossa excelência. O senhor se referiu a mim como estando corado diante da falta de coragem. Eu entendi assim, e reagi porque entendi injusta. Mas, diante da fala de vossa excelência, que é um homem sábio, culto, me vejo com absoluta tranquilidade para dizer que tudo não passou de um grande engano e que vossa excelência não é um homem covarde”, disse Toron.
Na sequência, Alencar cumprimentou com um aperto de mão Toron e Carlos Wizard, e a sessão foi retomada. A redação é do G1