A cidade de Maiquinique, mais uma vez, se vê no centro de uma crise política que abala sua administração e deixa a população em estado de alerta. Na última quinta-feira, 28 de novembro, uma audiência na 91ª Zona Eleitoral, em Macarani-BA, reacendeu a tensão entre os gestores municipais e seus opositores. Trata-se de mais um capítulo na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), que apura possíveis abusos de poder político e econômico envolvendo a prefeita Valéria Silveira e o vice-prefeito Kaike Jardim.
A audiência contou com a presença de advogados, promotoria e do juiz responsável, mas foi a participação do ex-secretário de administração Rogério Jardim que roubou a cena. Convocado pela coligação “Um Novo Tempo”, composta por Solidariedade, Avante, União Brasil, Republicanos e Federação PSDB-Cidadania, Rogério, conhecido por sua postura ética e democrática, trouxe um testemunho que gerou desconforto na defesa dos gestores. Apesar das tentativas de excluí-lo do processo, o juiz e a promotoria decidiram manter sua participação, reforçando a necessidade de esclarecimentos frente às denúncias.
As acusações, que incluem aumento injustificado de despesas com transporte, consumo exacerbado de combustíveis, contratações irregulares em ano eleitoral e distribuição inadequada de auxílios, são graves e, se confirmadas, podem levar Maiquinique a uma nova eleição suplementar. Para uma cidade que já vivenciou esse processo em 2022, após a destituição do então prefeito Jesulino Porto e da vice-prefeita Marizene Gusmão, a possibilidade de instabilidade política soa como uma repetição indesejada de um ciclo que só prejudica o município.
A gestão de Valéria Silveira e Kaike Jardim, eleita com promessas de mudança e transparência, tem sido alvo de críticas intensas. As denúncias de improbidades administrativas, somadas às queixas populares sobre a falta de progresso e as incertezas na administração, contribuem para um clima de insatisfação generalizada. O comércio local sente os impactos dessa instabilidade, enquanto a população enfrenta dificuldades na busca por serviços públicos de qualidade.
Além disso, a indefinição sobre a próxima presidência da Câmara Municipal para o período 2025-2028 agrava a incerteza política. A disputa por esse cargo estratégico promete intensificar ainda mais as tensões nos bastidores, deixando claro que o cenário político de Maiquinique está longe de encontrar estabilidade.
A cidade enfrenta um dilema: continuar mergulhada em conflitos e desconfianças ou buscar, por meio da Justiça e do diálogo democrático, soluções que priorizem o bem-estar coletivo. Como disse Aristóteles, “A base da sociedade é a justiça; o julgamento constitui a ordem da sociedade”. Que a Justiça Eleitoral cumpra seu papel e traga à tona as respostas que Maiquinique tanto necessita.
Afinal, em uma democracia, o compromisso com a verdade e a transparência deve ser inegociável.
